Extraordinário, de R. J. Palacio


Extraordinário - R. J. Palacio - Intrínseca

SINOPSE: Auggie Pullman é um garoto que nasceu com uma deformidade facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias plásticas. Aos 10 anos, ele irá frequentar uma escola regular, como qualquer outra criança, pela primeira vez. No quinto ano, ele precisa se esforçar para conseguir se encaixar em sua nova realidade.

Então, vamos de problematização? Tem muita coisa que pode ser explorada nesse livro e ouso dizer que seria uma ótima leitura para ser explorada pelos professores no âmbito educacional junto aos alunos, já que trata-se de uma leitura de linguagem simples, leve, abordando assuntos como Bullyng, Inclusão Social/educacional, Educação familiar, empatia e amizade!

Nosso personagem principal é o Auggie, um menino que nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial. O titulo do livro faz todo sentido quando você começa a perceber que o personagem principal é um garotinho extraordinário que apesar de enfrentar a crueldade do coleguinhas devido a sua condição genética, cria um manifesto em favor da gentileza.

O livro em si envolve vários personagens marcantes e o ponto de vista das crianças que cercam o garoto. Em consequência da síndrome e varias cirurgias faciais Auggie nunca frequentou uma escola e depois de anos, ele finalmente ingressa em uma. O processo de inclusão social do garoto torna-se um grande desafio tanto pela interação com os colegas e seus pais e esse é um dos pontos que decidir explorar.

O debate sobre a inclusão social em instituições de educação regular necessita aborda questões que envolvem a preparação das escolas para receber crianças e adolescentes com necessidades especiais, assim como o respeito as diferenças que parte principalmente da educação intrafamiliar. O livro extraordinário explora essas temáticas quando o enredo trata-se da experiência de Auggie na educação regular e como seus coleguinhas lidam com sua condição física, pois ser o garoto novato na escola já é ruim, mas ser portador de uma síndrome como a de Auggie complica mais ainda às coisas. 

A visão do personagem diante do tratamento recebido na escola é: "A única razão de eu não ser comum é que ninguém além de mim me enxerga dessa forma."

Vivemos em uma sociedade que não acolhe a diversidade humana e isso se reflete na segregação que algumas pessoas sofrem até hoje tanto no âmbito educacional, quanto na sociedade ao todo. O bulling torna-se uma realidade latente e violenta quando não existe uma visão inclusiva por parte da sociedade, assim como uma formação de valores familiar e social baseada no respeito às diversidades humanas. Tal violência pode provocar respostas catárticas na vitima como problemas de cunho emocional e psíquico. São esses pontos que o livro explora quando a autora opta por desenvolver um personagem cuja visão perante a crueldade das demais crianças é totalmente analítica. A tese de Auggie é ‘’As crianças não sabem o quanto podem ser cruéis’. Ele é um garotinho muito maduro, muito consciente e completamente compreensivo, que encara sua situação na medida do possível. O livro traz uma mensagem muito importante sobre à pureza das relações na infância e como a criação dos pais influencia na forma como seus filhos vão encarar os ‘’Auggie’’ da nossa sociedade. Explicando melhor, o livro traz dois personagens que explora essa questão.

Temos a Summer, uma garotinha que desenvolve um vinculo de amizade com Auggie no primeiro dia de aula e temos o Julian que é um garoto que persegue Auggie na escola, e apesar de não agredi-lo fisicamente, passa a ofendê-lo sempre que possível com piadas e perguntas cruéis.

Os pais de Summer, entre outros, cujos filhos acolhem Auggie na escola, refletem a mesma solidariedade para com o nosso personagem, já os pais de Julian, cria uma aversão pela criança, passam a encara-lo como problema para o desenvolvimento acadêmico dos seus filhos e chegam a se manifestar a favor da retirada de Auggie da escola regular, para que a educação dos seus filhos não seja prejudicada. E essa é a mensagem que vejo no livro; como os pais influenciam (refletem) na tolerância dos seus filhos e o nível de gentileza e empatia pelo próximo.

Auggie começou o livro ainda com certa mágoa com relação a sua vida o que é totalmente justificável e o apoio dos seus pais torna-se algo extremante importante para ele lidar com todos os problemas enfrentados na escola e ao fim do livro, veremos um garotinho que passa a se aceitar (assim como seus amigos) e se amar, do jeito que ele é. E foi maravilhoso acompanhar esse desenvolvimento.

A história de Auggie me comoveu muito, trata-se de uma leitura onde os fatos narrados se baseiam em situações reais. A narrativa toca em um assunto problemático de maneira encantadora, delicada e consequentemente nos estimula a refletir mais sobre inclusão social, respeito às diversidades, empatia, gentileza e amor ao próximo.

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